Porque, para mim, as velhas ruas de São Luís tão belas, tão harmoniosas, são todas de alvorada, sempre que as vejo ou as recordo


O leitor, que é do Porto, quase me dispensa de dizer-lhe que era o bairro de Cedofeita aquele onde a família Whitestone vivia.


Até os dezoito anos, nunca vi mares largos, nem vastos campos, nem grandes matas, nem rios amplos. A natureza selvagem era para mim o Passeio Público… 


Goiás, minha cidade…
Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas


O bonde chegou à Praça da Glória. Aquele trecho da cidade tem um ar de fotografia, como que houve nele uma preocupação de vista, de efeito de perspectiva; e agradava-lhe.


Quando novamente saltava do bonde, no Largo da Sé, passou o marido da Thereza, no Bugatti. Nem sequer deu por mim.

O cego toca o violino na esquina da Rua de Santa Teresa e da Galeria de Paris Entre o cego e a música o braço se coloca


Era o tempo da flor, na Praça da Matriz, em Porto Alegre. Como exploramos então, sentados num banco da praça, os quatro cantos do mundo!


Pela janela aberta, avistava-se um trecho de paisagem que a luz viva da manhã fazia muito nítida. As vinhas tinham um verde encantador, muito suave, trepando encosta acima


Nau parada de pedra que tanto navega e há tanto está no mar sem nunca a porto algum chegar


O Rio começa a perder um dos maiores encantos que a terra oferece à existência humana: a contemplação das nuvens


Quanto à cor de Lisboa, de tons sempre variáveis com o fluir das estações e os caprichos dos sóis e das atmosferas

Cidade pequena, acolhedora e pacata, a Covilhã dormia. O seu próprio centro dir-se-ia abandonado.


Ó rua de sam Gião […]
Quem levou teus trinta ramos
Ó travessa zinguizarra
de Mata Porcos escura
como estás de má ventura
sem ramos de barra a barra


Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, pequenas surpresas entre os cipós. Todo o Jardim triturado pelos instantes já mais apressados da tarde.


Ao entrar na Rua da Guarda Velha, Cândido Neves começou a afrouxar o passo.– Hei de entregá-lo o mais tarde que puder, murmurou ele.


Espreitava os homens e as coisas com olhos de espectador. Parado, era um voyeur, atento às graças, vícios e escabrosidades humanas. Andando, era um flâneur quase baudelairiano.


Em 1901 a livraria mais importante da cidade é a Livraria Garnier. Tem 55 anos de existência, pois vem de 1846, quando começa num modestíssimo lugar, (…).


Abaixou-se sobre a terra molhada a seus pés e colheu um pedaço, que levou à boca e beijou ao de leve: terra Brasil.


Recife tem umas formosas cercanias, como um parque onde a macaíba cresce e se protege de raízes suspensas que à terra voltam.


Vede a Rua do Ouvidor. É a fanfarronada em pessoa, exagerando, mentindo, tomando parte em tudo.


Incendeiam-se os montes em redor –
e as vozes quentes sobem no clamor
dum hino à vida, a entoar na serra!


E ao fundo da lagoa artificial, hoje cratera, ergue-se no sopé de um pequenino bosque de arvoredo fechado, a igreja modernista de Niemeyer, antes capelinha pelas dimensões, do feitio de uma cobra gorda e curta. À frente da torre (?) sineira, separada do corpo da capelas, é uma cópia de ripas de proteccção de arvorinhas contra gado e rapazio deformada em pirâmide invertida e truncada.


Esta cidade, em que nasci, fermosa
esta nobre, esta cheia, esta Lisboa
em África, Ásia, Europa tão famosa,
quão diferente em meus ouvidos soa,
quão diferente a vejo, do que a vê
o esprito enganado, que no ar voa!


Que veio o viajante fazer à Nazaré ? Que faz em todas as povoações e lugares onde entra? Olhar e passar, passar e olhar. Já se sangrou em saúde, já declarou que viajar não é isto, mas sim estar e ficar, e não pode estar sempre a dizê-lo.


A quase única rua de Vila do Porto. As grandes caixas de ferro nos campos sobre o mar, corroídas, forçadas a um arrombamento. Alguém quer num dos ferrosos corpos erguer a sua capela. Ao menos que falasse como falam os seres humanos.


Na capitania de Minas, o espírito revolucionário nunca se apagou. Fosse por motivo dos impostos reais que diminuíam o produto das lavras de ouro, fosse porque havia em Minas um nativismo orgulhoso de sefarditas ainda constante nos cristãos-novos portugueses


Os subúrbios e arredores do Rio guardam dessas bellas cousas roceiras, destroços como recordações. A rua Barão do Bom Retiro que vem do Engenho Novo à Vila Isabel dá a quem por ella passa uma amostra disso.


Descrevo Lisboa. Vigio-a num bloco de notas, imensa, distinta daquilo que, aparentemente, vem ter comigo através do ilusório legado dos sentidos e da treva que por dentro os toca.


Mas o cortiço já não era o mesmo; estava muito diferente; mal dava ideia do que fora. O pátio, como João Romão havia promettido, estreitara-se com as edificações novas


vinha sorrateira pelo valado, quase à beira do esteiro de rio [Tejo] que ali então desembocava, com o propósito de pôr cerco às muralhas de Lixbuna


mas Lisboa é feita de fios de sangue
de províncias
de esperas diante dos cafés
de vazio sob um céu plúmbeo que ensombra
os jardins de estátuas partidas


No percurso da Carioca à praia de Botafogo, Teodoro foi assim reconstruindo a sua vida (…) O mar, muito azul, paletado de ouro aqui, desenhava já acolá em grandes sombras negras o perfil dos morros (…)


Digo
<Lisboa>
Quando atravesso – vinda do sul – o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do seu nome nascesse


Cana doce, Santo Amaro
Gosto muito raro
Trago em mim por ti


imagine Brasília
não-capital
não-poder
não-brasília
assim é braxília


Já não nos podem tirar nada:
o castelo estava em ruínas
quando o conquistávamos
e da revolução sobrara apenas
a memória doméstica da água cortada


Ricardo Reis atravessou o Bairro Alto, descendo pela Rua do Norte chegou ao Camões, era como se estivesse dentro de um labirinto que o conduzisse sempre ao mesmo lugar


Enquanto a limusine corria pela Glória, Lúcia explicava a Natália as linhas gerais do seu martírio. Ia tão atarantada que não sentiu a beleza decorativa desse trecho da cidade


Adiante vão ver como comecei a gostar do Piquenique. Já antes, porém, gostava do Rossio, quer de dia, quer de noite.

Uma casa no ar é a minha: vejo do alto casas antigas, panos ao vento, a luz do mundo – o verão no Rio – e sou feliz.


Lisboa, berço da força
Cais das grandes aventuras
Onde embarcaram aqueles em madrugadas escuras

Espaço para Professores

Sugestões de abordagens didáticas interdisciplinares que podem ser adaptadas para diferentes realidades escolares, a partir das páginas publicadas neste site.

História, arquitetura e paisagem

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Paisagem e as transformações da natureza

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O conceito de paisagem: percepção e temporalidade

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Migração Europeia, urbanização, crescimento econômico paulista no século XX

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links relacionados:

Atlas das Paisagens Literárias de Portugal Continental
Estudos de paisagem nas Literaturas de Lingua portuguesa
Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura - NEPEC

citações:

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Agradecemos ao artista plástico Gabriel AV as fotos de Covilhã.