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Cecília Meireles

Nascida no Rio de Janeiro, em novembro de 1901, e falecida em novembro de 1964, Cecília Benevides de Carvalho Meireles conheceu muito cedo a orfandade. A avó materna, de origem açoriana, foi quem a criou. Desde cedo foi marcante seu interesse pela leitura, bem como pelo estudo de línguas estrangeiras, pintura e música. Formada professora pela Escola Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, logo ingressou no magistério, iniciando assim um percurso que alcançaria o mundo acadêmico. Em 1919, lançou seu primeiro livro de poemas – Espectros -, marcando assim o início de uma longa carreira literária. Casou-se em 1922 com Fernando Correia Dias, artista plástico português, com quem teve três filhas: Maria Elvira, Maria Matilde e Maria Fernanda – esta, atriz conhecida por sua atuação no teatro, no cinema e na televisão brasileira. Fernando tornou-se ilustrador de algumas das obras da poeta, a partir de 1923, quando foi publicado o livro Nunca mais e… A partir de então, e por intermédio do marido, Cecília entrou em contato direto com poetas portugueses, inclusive com Fernando Pessoa. Em 1934, por designação oficial, passou a dirigir um Centro Infantil no Pavilhão Mourisco, onde criou a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro. Ainda naquele mesmo ano, a convite do governo português, proferiu palestras e conferências, inclusive na Universidade de Lisboa. No ano seguinte, em consequência de grave crise de depressão, Fernando Correia Dias suicidou-se, deixando Cecília Meireles viúva com três filhas. A partir de então, ela assumiu diversas atividades intelectuais, já ligadas ao magistério superior, especialmente entre 1936 e 1938, quando lecionou Literatura Luso-Brasileira e Técnica e Crítica Literária na Universidade do Distrito Federal. Além disso, tornou-se articulista de diversos jornais, como A Manhã, Correio Paulistano, A Nação, dentre outros, para os quais escrevia sobre folclore, educação e literatura. Nesse mesmo período, foi responsável pela revista Travel in Brazil, o que lhe valeu o convite para ministrar o curso de Literatura e Cultura Brasileira, anos mais tarde, na Universidade do Texas. Com o livro de poemas Viagem, publicado em 1939, tornou-se a primeira mulher a receber o Prêmio Poesia, concedido pela Academia Brasileira de Letras. No ano seguinte, casou-se com o médico Heitor Grilo, com quem viajou para os Estados Unidos e o México. Desde então, sucederam-se muitas viagens ao exterior, uma das quais à Índia, em 1953, a convite de Nehru, então Primeiro Ministro daquele país, onde Cecília participou de um simpósio sobre a obra de Gandhi. Lá recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Déli. Em 1958, como convidada, participou de um ciclo de conferências em Israel, oportunidade em que visitou os lugares santos, que sempre lhe despertaram profunda emoção. Em 1963, foi agraciada com o Prêmio Jabuti, pela tradução do livro Poemas de Israel. No ano seguinte, outra premiação, por Solombra, seu último livro. Em 1965, um ano após sua morte, foi distinguida com o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. É vasta a produção literária de Cecília Meireles, que, além da poesia, abrange a prosa, sob a forma de crônicas (sobre viagens e educação), ensaios, traduções e artigos. Também se dedicou à literatura infantil e colaborou em obras de autoria coletiva, como antologias. Os mais conhecidos livros de poemas foram: Espectros (1919); Nunca mais e… ; Poema dos poemas (1923); Vaga música (1942); Mar absoluto (1945); Retrato natural (1949); Amor em Leonoreta (1951); Doze noturnos da Holanda e O aeronauta (1952); Romanceiro da Inconfidência (1953); Poemas escritos na Índia (sem data); Pequeno oratório de Santa Clara (1955); Pistóia, cemitério militar brasileiro (1955); Canções (1956); Romance de Santa Cecília (1957); A rosa (1957); Obra poética (1958); Metal rosicler (1960); Antologia poética (1963); Solombra (1963); Ou isto ou aquilo [para crianças] (1964); Crônica trovada da cidade de San Sebastian do Rio de Janeiro: no quarto centenário de sua fundação pelo capitão-mor Estacio de Sáa (1965); Poemas italianos (1968); Morena, pena de amor (1976); Cânticos [edição fac-similar do manuscrito] (1983). Em prosa, destacam-se: Escolha o seu sonho (1964); Crônicas de viagem, vol. 1 (1998); vols. 2-3 (1999). Leia mais em: COELHO, Nelly Novaes. Cecília Meireles: vida e obra. In: Revista do CESP, vol. 21, n. 28-29, jun-dez 2001.

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Agradecemos ao artista plástico Gabriel AV as fotos de Covilhã.